terça-feira, 27 de setembro de 2011

Arte Têxtil




Historicamente, artes têxteis eram consideradas: artes decorativas, artesanato, produção de objetos de uso com características ligadas ao mundo feminino, doméstico, questões de gênero, o feito a mão, o manuseio. Tudo isso considerado como “arte menor”.
Há, na atualidade, um objetivo de dar outro sentido ao conceito de arte têxtil, uma vez que já há muitos anos uma grande quantidade de artistas visuais têm se afastado das técnicas tradicionais para incursionar em novas linhas de investigação, muitas delas inovadoras. Também tem sido incorporado à arte têxtil, uma infinidade de novos materiais, que tem aberto um campo quase ilimitado ao seu potencial criativo, embora, ainda hoje o público, em geral, quando é mencionada a arte têxtil pense imediatamente em tapeçarias.
Há uma fusão das fibras com novas tecnologias, uma desconstrução de fronteiras entre arte, arquitetura, desenho, moda e performance. Os meios têxteis são um ótimo suporte para a articulação de uma completa narrativa contemporânea.
Muitos artistas se expressam através de fibras e tramados, combinando materiais e utilizando tecnologias numa busca permanente que questiona categorias, mas que mantém o têxtil como conceito integrador (combinação de técnicas).
Artistas que tiveram um amplo reconhecimento internacional utilizando têxteis e fibras na construção de seus trabalhos: Annette Messager, Louise Bourgeois, Eva Hesse, Ghada Amer, Rosemarie Trockel, Arthur Bispo do Rosário, Hélio Oiticica, Eva Soban, Christo.
Tem sido buscada a ampliação do campo de exploração do que antes era considerado como território e meios expressivos próprios apenas das artes têxteis.
A arte contemporânea é um tipo de prática que privilegia o conceito e o pensamento reflexivo sobre a fatura[1] ou o virtuosismo técnico da obra.
É de algum modo uma contrapartida da vertente conceitual, a arte têxtil estar associada ao trabalho manual feminino de fazer coisas comuns (“mainstream”), na arte contemporânea.
Há toda uma idéia de re-conceituar a arte têxtil, explorando a potência estética das fibras e do tramado como meios expressivos e com capacidade de adaptação e comunicação com as novas tecnologias que configuram a cena artística contemporânea.
Existe uma velha dicotomia entre a arte e o artesanato. Provavelmente a habilidade técnica própria da arte têxtil volta-se contra ela num contexto em que o valor artístico se aloja, principalmente, na idéia e menos no objeto.
É possível que, entrado o século XXI, possamos apostar na elaboração de uma obra em que o caráter manual e a dimensão conceitual se entrelacem e articulem formando sentido num contexto artístico em que tendem a prevalecer a validade de obras que acentuam qualidades conceituais e reflexivas, onde faz sentido tecer, bordar, costurar ou produzir trabalhos cujo significado remetam ao universo dos têxteis.
Por último a porosidade que existe entre a arte, o desenho, a moda, a performance, a arquitetura e os novos meios tecnológicos demonstram que na hora de criar, os artistas não se atém a compartimentos estanques e, é precisamente nas hibridações entre categorias onde, freqüentemente, encontramos obras de maior riqueza material e conceitual, que se fundamenta esta nova visão do têxtil como arte.




[1] Fatura pode ser definida como a materialidade da obra; questões como espessura de tinta, intensidade do gesto, velocidade de pincelada e, sobretudo, como estas características definem ou são definidas por sua configuração.

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